
Depois do câncer de pele, o de próstata é o mais comum no homem e também o mais letal. Anualmente, a campanha ‘Novembro Azul’ chama a atenção desta parcela da população para a importância de, a partir dos 45 anos, consultar um urologista periodicamente e buscar o diagnóstico precoce. O Instituto de Promoção e de Assistência à Saúde de Servidores do Estado de Sergipe (Ipesaúde) se engaja na ação ressaltando aos seus beneficiários a importância do autocuidado.
Assim como outras patologias, o câncer de próstata é uma doença que não apresenta sintomas em sua fase inicial, porém se descoberta logo permite um tratamento mais fácil e mais eficaz. Pessoas que fazem parte do grupo de risco devem redobrar o cuidado com a saúde e manter em dia as consultas médicas e os exames periódicos.
O médico urologista do Ipesaúde Rodrigo Tonin explica que existe um grupo com risco aumentado de ter câncer de próstata, que são as pessoas com algum histórico na família como, pai, irmão, tio, e principalmente se o câncer aconteceu em idades inferiores a 50 ou 60 anos. O mesmo vale para homens obesos e negros, que também têm um risco maior de ter a doença.
“Estas pessoas, independentemente de sentir alguma coisa, a partir dos 45 anos, devem consultar anualmente o urologista. Pessoas que não têm histórico, que não têm esse fator de risco, a partir de 50 anos. Isso, considerando que a pessoa não está sentindo nada. É como uma rotina igual a mulher que vai fazer exame rotineiro ginecológico”, orienta o urologista.
Descoberta precoce
O policial militar Fábio Barrozo, beneficiário do Ipesaúde, surpreendeu os médicos com uma alteração na próstata há cerca de um ano e meio, numa idade na qual o problema é pouco comum. A descoberta só foi possível, justamente, pelo costume de fazer check-up anual de saúde. Além disso, com casos na família, avô e pai, ele estava ciente do risco de repetir o quadro e manteve a vigilância. Agora, aos 45 anos, ele se prepara para a cirurgia.
“Meu pai se operou de próstata há uns 10 anos, então, imaginei, como tem esse fator genético forte, que poderia acontecer. Diante disso, procuro sempre estar fazendo o check-up mesmo, sempre que possível. Eu fui para a clínica geral e o [exame de sangue] PSA deu elevado e ela pediu para procurar o urologista. Ele passou exames complementares e viu que tinha um tumor. Agora, estou nas tratativas para fazer a cirurgia. Como meu diagnóstico não é agressivo, poderia ficar fazendo acompanhamento, então continuei fazendo PSA, que foi aumentando e o médico achou por bem fazer logo a cirurgia”, conta Fábio Barrozo, de forma tranquila, dizendo confiar em Deus e na ciência de que vai dar tudo certo.
A história de Fábio ilustra o melhor cenário, segundo a orientação do médico Rodrigo Tonin, que é a realização da consulta ao urologista no momento correto. “O câncer de próstata é uma doença silenciosa, que, nas fases iniciais, não tem sintoma. Mas não quer dizer que não pode ter câncer de próstata. É importante não deixar que a pessoa descubra quando estiver numa fase avançada”, alerta.
Na visita ao urologista, o médico procura saber o histórico de vida do paciente e, com base nestas informações, faz a investigação por meio de alguns exames, como de sangue e imagem. “Eventualmente, haverá o exame de toque, que ainda há um preconceito grande, mas é importante, porque ajuda a dar informações se a próstata tem algum nódulo, alguma área mais endurecida. Para alguns é constrangedor, mas é totalmente rápido e tranquilo”, tranquiliza Tonin.
Quebra de tabus
Culturalmente, os homens cuidam menos da própria saúde, quando comparados com as mulheres. Diante deste cenário, ações como ‘Novembro Azul’ têm contribuído para diminuir esse contraste. Inicialmente pensada para falar sobre o câncer de próstata, a campanha atualmente foca na saúde masculina integral. O alerta para a próstata leva os homens para os consultórios e para orientações sobre várias outras questões relacionadas à saúde.
Psicólogo do Ipesaúde, Paulo Félix ressalta a forte construção cultural de que o homem precisa ser invulnerável como bloqueio entre os homens. Desde cedo muitos aprendem que demonstrar cuidado consigo mesmo é um sinal de fraqueza e isso gera resistência em busca de ajuda, seja emocional ou médica.
“Esse tabu em torno do autocuidado masculino não é apenas sobre o corpo, mas sobre o que significa ser homem em uma sociedade que ainda associa justamente esse cuidado à fragilidade. Alguns recuam porque não se veem nessa posição de precisar e de pedir ajuda. O homem, seja cis ou trans, tende a associar o cuidado à perda de controle e têm dificuldade de reconhecer a vulnerabilidade. No caso específico do câncer de próstata, o medo do exame de toque ainda está muito ligado ao preconceito e piadas que desvalorizam o autocuidado”, explica Paulo Félix.
O beneficiário Fábio Barrozo é um bom exemplo de um homem que não tem tabu na hora de cuidar de seu corpo. “O que a gente tem de mais valioso na vida é a nossa saúde. Não tem outro bem que possa ser comparado, então, temos que cuidar muito bem, fazendo as consultas de rotina, procurando ter uma alimentação saudável, atividade física e não ter medo de procurar o médico, porque é um aliado nosso. Quanto mais cedo descobrimos os problemas, maiores são as chances de resolver. Aí eu digo: “Não tenha medo”, pontua o policial, que é beneficiário do Ipesaúde desde a infância.
Ipesaúde Você, atendimento humanizado
O Ipesaúde oferta aos pacientes oncológicos atendimento integral e humanizado, por meio da Sala de Acolhimento do Projeto “Ipesaúde Você” - um espaço que oferece suporte emocional, social e logístico, com o compromisso de acompanhar e auxiliar durante o tratamento. O objetivo da iniciativa é garantir que cada beneficiário se sinta apoiado e compreendido, durante o enfrentamento do câncer. O atendimento ocorre de segunda a sexta-feira, das 7h às 15h45, na sede do instituto, na Rua Campos, nº 177, Bairro São José, Aracaju/SE.





 
 
 
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