O Governo do Estado promoveu nesta semana um evento de acompanhamento do projeto “Somos Mata Atlântica”, primeira marca coletiva do Brasil a reunir produtos regionais e experiências turísticas, no Litoral do Paraná. A iniciativa abrange os municípios de Antonina, Morretes e Guaraqueçaba e integra o programa Vocações Regionais Sustentáveis (VRS), coordenado pela Invest Paraná, agência de promoção de investimentos do Governo do Estado.
O Programa Vocações Regionais Sustentáveis valoriza as qualidades econômicas de cada região do Estado, inserindo valor comercial à produção de pequenos empreendedores, sem deixar de lado processos tradicionais e até históricos de como os produtos são feitos. Entre as ações, está a criação de marcas regionais para conquistar mercado, ressaltando questões como regionalidade e sustentabilidade, o que agrega mais valor à produção.
O projeto “Somos Mata Atlântica”, que faz parte do VRS, é financiado pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), com recursos do Fundo Paraná, uma dotação constitucional gerida pela pasta. O projeto é resultado da parceria entre a Invest Paraná, a Universidade Estadual do Paraná (Unespar), que é a coordenadora técnica, e a Universidade Federal do Paraná (UFPR). Ele foi estruturado sobre três eixos principais: gestão e design, turismo de base comunitária e produção.
O encontro de acompanhamento das atividades foi realizado na segunda e terça-feira (27 e 28), no Armazém Macedo (Ruínas), em Antonina. Representantes das universidades, empreendedores locais e a equipe técnica do projeto se reuniram para apresentar resultados do trabalho e alinhar os detalhes da identidade visual.
Na terça à tarde, o encontro também promoveu a apresentação da nova marca a empresários e empreendedores locais, além da abertura de uma mostra interativa que permanecerá no espaço por 20 dias com exposição de cartazes explicativos que apresentam os resultados do projeto até o momento.
Segundo o gerente de Desenvolvimento Econômico da Invest Paraná, Bruno Banzato, “Somos Mata Atlântica” nasceu de uma demanda apresentada pela própria comunidade durante a primeira fase do VRS Mata Atlântica, realizada há dois anos no mesmo Armazém Macedo, em Antonina. “Como resultado final, foram elencadas as prioridades da comunidade e a principal delas, a número 1, foi a criação da marca coletiva. Ela foi entendida pela própria comunidade como a linha norteadora do desenvolvimento sustentável do Litoral”, explica.
Ele destaca a integração entre Governo, Academia, iniciativa privada e a Instância de Governança Regional. “É um projeto inédito que vai alinhar a promoção do turismo com a promoção dos produtos sustentáveis da região. Uma única marca coletiva vai carregar todos os princípios, valores e a história riquíssima do Litoral Norte do Paraná”.
Cerca de 20 empreendedores já demonstraram interesse em aderir à marca coletiva. Banzato explica que a governança e registro da marca serão feitos pela Instância de Governança Regional Adetur Litoral. “Estamos com altas expectativas pelo caráter inovador de tecnologia social que estamos implantando aqui. A partir da finalização da criação com a comunidade e os empreendedores, já vamos dar início ao processo de promoção e ao registro junto ao INPI, que deve levar cerca de 120 dias, mas isso não impede que a marca comece a ser divulgada em eventos e ações de promoção regional”, destaca.
O gerente informa que já há estudos para a criação de novas marcas coletivas em outros territórios do programa. “A próxima deve ser da erva-mate, com início agora em novembro. Mas há também planos de expansão a partir da consolidação da marca para outros territórios aqui no entorno, como a Baía de Paranaguá, que já recebeu a primeira fase do VRS”, explica.
COLABORATIVO – A professora Mônica Herek, da Unespar, coordenou o projeto “Somos Mata Atlântica” e destacou o caráter colaborativo da iniciativa. Segundo ela, o trabalho envolveu diferentes áreas e cursos das duas universidades, o que confere papel formativo ao projeto. “A participação em projetos, seja de extensão ou pesquisa, a gente entende como fundamental para a formação dos acadêmicos. E essa é uma das razões pelas quais as universidades encampam projetos tão complexos como esse”, afirma.
Para ela, o aprendizado foi coletivo e transformador, e a concretização da marca traz à equipe o sentimento de dever cumprido. “É muito gratificante ver que, apesar de todos os desafios, conseguimos visualizar que atingimos o objetivo da nossa proposta, que era criar as bases para essa marca coletiva.”
O professor José Pedro da Ros, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), explica que o trabalho teve como objetivo construir “uma marca que representasse essa totalidade de produção”, abrangendo produtos como pupunha, banana, mandioca, frutos da juçara e o turismo de base comunitária.
Ele destaca que o projeto foi um processo de muito aprendizado, marcado por trocas de saberes entre alunos e comunidades e pelo uso prático do conhecimento acadêmico. “É muito o que se aprende quando você faz essas atividades de campo, de saídas, visitas técnicas orientadas. As trocas de saberes dos alunos, das pessoas das comunidades, expectativas e encarar a realidade para os alunos é fundamental para ter um outro olhar”, afirma.
PRODUTOS REGIONAIS E TURISMO – A produtora Jaqueline Monteiro Oliveira, sócia do Sítios Brigitte, em Morretes, produz alimentos orgânicos e atua com turismo de experiência e educação ambiental. Para ela, o nome escolhido para a marca coletiva traduz o sentimento de pertencimento ao território. “Eu amei o tema, o nome, o selo. Eu acho que ser Mata Atlântica é ter esse sentimento de pertencimento ao lugar, valorização do lugar”, diz.
Segundo Jaqueline, que participa de ações do programa VRS desde 2021, a marca é uma oportunidade de valorização dos empreendedores locais e representa a sustentabilidade e qualidade dos produtos e serviços da região. “A mensagem que a gente tem que deixar bem claro é: somos Mata Atlântica, somos saudáveis, nossa natureza é viva, e somos comprometidos com essa manutenção e com essa biodiversidade”, ressalta a empreendedora.
Jackson Soares da Silva, proprietário da Gusso Turismo, de Antonina, também participou das oficinas e da construção da marca coletiva. Ele conduz passeios de caiaque no Vale do Gigante e afirma que sua atividade está muito alinhada à marca desenvolvida. “A nossa empresa tem tudo a ver com a marca, porque um dos principais orgulhos que temos é trabalhar no meio da Mata Atlântica, de forma sustentável”, avalia.
Assim como Jaqueline, Jackson participou anteriormente de capacitações promovidas pelo programa VRS. “Começamos a participar do projeto da Invest Paraná há uns dois, três anos, com capacitação e tudo. O projeto Nossas Marcas foi feito há pouco tempo, e a intenção deles era capacitar as empresas locais. Fizeram vistorias para conhecer se realmente a empresa tem a ver com o produto, com a marca, e achei muito interessante a proposta”, relata.
Para ele, a criação da marca representa um avanço importante para o setor. “Estamos muito felizes em poder conhecer e ter essa marca no nosso Litoral. Para mim, é muito importante que ‘Somos Mata Atlântica’ esteja no nosso território, porque faz com que todas as empresas tenham que se adaptar, melhorar e se capacitar”, explica.